top of page

Alô Salvador - Vendendo nossa arte na praia.


Eita Salvador, quanta história!

Hoje viemos compartilhar nossa primeira experiência de "vender a nossa arte na praia". Coitado de quem julga isso como fácil viu, queridos? Senta que lá vem historia! Haha

Tínhamos como missão que precisávamos colocar os pés em areia e água salgada, não importando onde, como e nem a quantidade de dinheiro. E assim foi! Nos juntamos com a Thaty, uma amiga que também tem uma marca, a Crioola, e abraçamos a causa: Fizemos um post no Facebook perguntando se alguém tinha um cantinho na praia para acolher a gente a base de troca, ou seja, pagaríamos a hospedagem com os nossos produtos.

E aí apareceu a Cel, baiana vivendo em Goiânia que já conhecia o nosso trabalho e topou na hora. Ela nos acolheu na sua casa em Salvador. Como ela não esta morando lá, sua filhota Bia (beijo Bia!) recebeu a gente com todo carinho, dando dicas e ensinando caminhos para gente desbravar essa terra quente de vento forte.

Chegamos em uma segunda-feira, depois de 28h de ônibus!

Nos primeiros dias fizemos os passeios tradicionais e nos acabamos no Pelourinho (que lugar é esse?), Rio Vermelho (balada 24h de todas a tribos) conhecendo pessoas, historias, becos e bebidas (Cravinho: Experimentem!), a noite em Salvador é maravilhosa sempre mil coisas acontecendo todos os dias da semana. Gastamos o dinheiro que tínhamos levado, deixando para vender no final de semana, aproveitando o maior movimento da cidade.

Salvador em si gira em torno do turismo, o que é bastante chato, porque em tudo eles querem ganhar de alguma forma. A maioria dos museus da cidade são pagos, fitinha do bonfim é paga, para tirar foto com a baiana paga também e até pra ser benzido é cobrado. TUDO PAGA!

Sem contar que o preço vai pela cara do cliente ou o dia da semana. E os baianos ambulantes se desdobram para virar uma atração e poder ganhar uns trocados, pois o tempo todo são navios, cruzeiros e aviões chegando. Os gringos adoram, acham mágico, se jogam, tiram mil fotos e… pagam!

Como chegamos e vimos todo esse movimento achamos que seria super fácil vender. Levamos 20 peças variadas e sabem quantas vendemos? Cinco! Nos primeiros dias andávamos na praia sob um sol de 100 °C gritando: “Olha a bolsa, olha o chapéu!”. E nadica! Depois tentamos ficar paradas em um ponto estratégico, a fiscalização veio pedindo para sair porque se não recolheriam os produtos, já que todos os ambulantes lá têm que ser cadastrados e pagar taxas.

Tentamos de todas as formas possíveis e o negócio não virava. Frustrante? Um pouco, mas só de ver aquele mar e ter a oportunidade de viver essa experiência já valia a pena. E por não termos sucesso nas vendas, veio aquele ciclo de, não vende, logo, não tem dinheiro.

Então, cada 10 centavos eram muito importantes. A ida ao supermercado tinha que ser bem pensada, sempre andávamos com água e comida, o trajeto de ônibus era muito bem calculado pois não podíamos gastar nada à toa e já tinhamos nos perdido várias vezes. Tínhamos como meta passar 15 dias e ainda estávamos só no oitavo.

Tentamos, tentamos, tentamos e tentamos... e entramos em uma reflexão profunda sobre como podíamos mudar isso ou não. Chegamos à conclusão de que não dava para mudar, sabe por quê? Em capitais que recebem muitos turistas as pessoas compram coisas para guardar de lembrança da cidade, qualquer coisa vinculada aos pontos turísticos. E o principal: Preferem coisas muito baratas! Eles não importam com qualidade, material ou de onde veio aquilo, nada disso! Eles querem algo para guardar de recordação e que custe R$10 no máximo.

Quando chegamos a esta conclusão, desapegamos! Fomos curtir a cidade como dava para curtir; vendo pores do sol incríveis, andando em ruas de arquiteturas mágica, participando de ações da cidade, indo no boteco da esquina para conhecer historias, curtir uma praia e devorar um livro com a companhia de uma cervejinha... e, quando chegávamos em casa, publicávamos em grupos de compra de Salvador, tentávamos prospectar clientes pelas redes sociais, atendíamos outros que apareciam. Além disso, fizemos vendas em Goiânia enquanto estávamos lá - O que nos salvou muito <3. E deu tudo certo: Ficamos 16 dias e voltamos para casa com R$0,25 centavos no bolso.

A viagem em si foi muito enriquecedora e transformadora, como uma porta que se abriu e nunca mais se fechará. Sabe por quê? Nós nos deparamos com a diferença de sotaque, de cultura, de valores, de música, de costume e prioridades, mas aprendemos a olhar isso com riqueza e não como comparativo. Cada um é um, cada um tem a sua luta individual, tem o seu jeito, e não tem como se comparar a nada e nem a ninguém, pois cada um sabe as dores e as delícias de ser o que é. A única coisa que cabe a nós é escolher se queremos estar perto ou longe, mas nunca julgar! E o mais importante: Ter a consciência que a vida é um eterno plantar e colher!

Pequenas felicidades.

Não tem como fugir disso e é magico, pois quando tomamos essa consciência sabemos exatamente o que fazer e sabemos os frutos que queremos colher. Pode parecer óbvio, mas quando se vive isso na essência é muito gratificante, vemos como a vida dá os seus pulos.

É quando não se tem o dinheiro para andar de ônibus e subitamente acontece uma venda na internet; é quando se entra no ônibus sem dinheiro para comer e inexplicavelmente o motorista te oferece uma janta; é quando estamos com pensamentos errados e chega uma pessoa totalmente desconhecida e fala palavras transformadoras; é se ter o dinheiro contadinho para o mercado e, ao chegar no caixa o produto passar por um preço mais barato e sobrar um troquinho pra comprar um chocolate. É SORRIR PRA VIDA PARA ELA SORRIR PARA VOCÊ! Tem como se explicar essas pequenas coisas que são tão lindas? Não, não tem. São os reflexos do nosso "eu" agindo sem nem pedir opinião.

Vamos desistir de viagens assim? Nunca, estamos só começando! O mundo é gigante, são infinitas pessoas, lugares, paisagens, sentimentos e climas e queremos sentir ao máximo, tendo a consciência de sempre estarmos com corpo e alma regados de ótimos sentimentos para com o mundo, pois se estamos pelo bem quem vira para o nosso mal?

E já deixamos anotados na agenda aprendizados para as próximas paradas, como produzir produtos baratos para ganhar no giro e não na peça; guardar bem guardado o celular; baixar app de ônibus; ser sempre aberto e nunca deixar se abalar, porque quando você voltar a sua vida cotidiana está aqui te esperando e ela é tão linda e te ama tanto; e ir para cidades litorâneas pequenas.

Esperamos que sintam o quanto isso foi mágico para gente e que vocês tirem o melhor desse depoimento haha. Abaixo, vou colocar informações de valores para vocês terem uma ideia e também para já terem como exemplo se quiserem embarcar nesse tipo de viagem.

Hospedagem: 2 mochilas;

Passagem de Ônibus: R$290 ida + R$290 volta (dividem em 3x);

Dinheiro levado: R$500;

Dinheiro adquirido: R$180;

Total de dias: 16 dias

E para finalizar um exemplo de conexão: Nos últimos dias não tínhamos dinheiro para nada, mas colocamos na cabeça que queríamos fazer um ensaio fotográfico. Fomos atrás de modelos e a vida nos trouxe essas beldades de luz para posar pra gente. Nos improvisos, mas com muito amor, apresentamos nosso Ensaio Baiano clicado no apartamento em que nos hospedamos. <3

Modelos: Júlia Santiago e Miley Pereira

Fotos: Pahola Abadio

Roupas: Crioola

Nosso mais sincero agradecimento a todos que fizeram parte disso:

- Thaty pela amizade e compahia. Te amamos muito!

- Ciro por nos salvar em dias dificeis <3

- Maria Luzia e Paulo Abadio que emprestaram o cartão de credito para comprarmos as passagens.

- Bia e Cel pela oportunidade, pela casa, pelas dicas e carinho.

- Bruna Aidar pela revisão do texto;

- Todos os encontros Baianos;

LEIA TAMBÉM:

bottom of page